Outro dia, estava em um ônibus lotado, quando duas senhoras ao meu lado conversavam.Uma delas se mostrou indignada: “Aquela Carlota não é flor que se cheire… é diaba!”. Ela falava de uma personagem da trama das seis (Boogie Oogie) e não de uma pessoa que fazia parte do seu convívio… ou melhor, faz parte sim do seu convívio, mas em outra plataforma, em um mundo fictício, presente.
Novela quando faz sucesso, aquele sucesso gostoso, os personagens das tramas soltam da televisão e começam a fazer parte do cotidiano de quem assiste. Os olhos críticos da senhora do ônibus, reflete uma indignação que ela poderia ter com qualquer membro de sua família, mas ela teve com uma personagem…. a Carlota virou de carne e osso.
Essa mulher do ônibus representa a Dona Maria. Quem seria Dona Maria? Ela representa todas as mulheres guerreiras, trabalhadoras, que depois de um dia cansativo correm para pegar um ônibus e assistir sua novela predileta. Elas adquiriram o senso crítico, porque ao contrário de alguns “críticos superficiais de TV”, aqueles que assiste novela uma vez no mês e arrotam arrogância achando que tem o resultado do exame analítico da obra, a novela faz pensar, mexer com os sentimentos, as vezes até entrando no quarto escuro das pessoas e fazendo mudanças, isso é o que importa.
Eu gosto muito de Boogie Oogie, porque é uma novela que convida para uma viagem ao túnel do tempo, mas você não sai com fedor de mofo lá porque é moderna. Os atores defendem muito bem seus personagens e passam credibilidade. Marco Pigossi é talvez o único ator atualmente que consegue fazer o mocinho em uma obra e não fica chato, não fica inverossímil. Os personagens bons que ele interpreta consegue transmitir a mensagem que ainda existem pessoas boas, mas isso não transmite ser um indivíduo bobo.
Debora Secco mergulha em cada personagem, Giulia Gam transmite sua personalidade forte aos seus personagens e não passa despercebida e Isis Valverde transmite um carisma real que faz toda diferença. O Fernando Belo, que fez uma participação especial ainda se faz presente na obra e não é esquecido, mérito do ator.
E o autor? Nunca vi um autor tão flexível com os fãs, atualizado e que tem na veia o ingrediente que toda novela precisa.
Por isso gosto de Boogie Oogie e gosto sem medo.