“Eu desejo que o público me veja como um cara legal e acessível”

Confesso que tenho muito orgulho da entrevista dessa semana no Cjmartim,dividida em duas partes. Estamos falando de um ator que se despiu da vaidade tola que cerca alguns artistas, que acabam criando muros de aproximação com o público.Quem assistiu ao musicais Hair e Rock in Rio- O Musical, passou noites de domingo atentos a série Preamar, assistiu comendo pipoca e tomando refrigerante nos fins de tarde com ele em Malhação e se divertiu com a novela Alto Astral, já desconfia do seu nome. Não se preocupe. Em meio a multidão, provavelmente Hugo Bonemer vai olhar no fundo dos seus olhos, apertar a sua mão e agradecer pela atenção. É um ator que gosta de gente!

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Hugo Bonemer

Cjmartim – Como foi trabalhar na novela Alto Astral (2014) e entrar em contato com atores medalhões da teledramaturgia, junto com outros atores que também estão começando?

Hugo Bonemer: Aprende-se muito. Fiquei tremendo quando fiz as primeiras cenas com Elizabeth Savalla. Depois pensei: Ah! Seria uma falta de respeito não tremer, não pronunciar uma sílaba a mais na palavra, enquanto olhava, pela primeira vez e de perto, aqueles profissionais que tanto admiro.

Cjmartim – As novelas atualmente viraram uma verdadeira indústria, tudo muito rápido, um acúmulo de cenas enormes no dia. Acredita que o ator que não tenha percepção de pegar o tom do personagem rápido e facilidade para decorar os textos, não se cria fazendo dramaturgia?

Hugo Bonemer: Acredito que é algo que só se aprende fazendo, e é muito diferente das aulas de vídeo. Ainda não sei fazer, mas um dia eu te conto!

Cjmartim – Um ator com conhecimento da técnica, mas que ainda é falho em demonstrar emoções em cena, talvez possa encontrar no teatro essa emoção que tanto precisa?

Hugo Bonemer: Essa emoção vem da inspiração, e essa, é um vento, com o qual não podemos contar sempre. Gosto de pensar, que pro dia-a-dia temos a técnica. Ela forma o alicerce por onde a inspiração pode pisar, quando chegar.Acredito que o caminho da inspiração possa ser trabalhado, facilitando a sua chegada, e uma maneira de se atingir esse estado é através da espiritualidade. O conceito de sagrado, dentro do teatro, me parece tão importante quanto decorar o texto. Através da espiritualidade, atingi-se o que é chamado de estado de graça, totalmente receptivo à inspiração. Daí em diante, chorar é bobagem, perto do que se pode fazer.

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Em cena na novela Alto Astral ( extraído do site Gshow)

Cjmartim Tem um movimento de atores que alegam que não assistem ou não gostam de televisão, mas aceitam emendar novelas e fazer outros trabalhos televisivos. Televisão pelo fato de ser popular, ainda é vista como algo “menor” na classe artística?

Hugo Bonemer: A televisão sem coragem será sempre vista como algo menor, pela classe. Já a televisão ousada, será sempre vista com bons olhos. Tudo que é radical, soa bobo. Se trabalhamos com TV, é importante vermos o que está sendo produzido. Se temos insatisfações, vamos perceber ali muita gente tentando melhorar. Fica muito mais fácil encontrar parceiros profissionais. 

Cjmartim – Um ator carismático ruim e um ator sem carisma bom. No mercado atualmente, o que anda ganhando mais espaço na sua visão no teatro, cinema e TV?

Hugo Bonemer : Carisma é uma técnica que exige anos de treino, na vida, não no palco. Está associada à boa educação e ao senso de humor e se reflete na atuação, automaticamente. Então o carismático, no meu ponto de vista, já é um bom profissional. Se for bom ator, poderá fazer personagens não carismáticos também, ainda que de forma carismática.

CjmartimComo deseja que o público lhe observe daqui para frente e o que promete para trazer ainda mais emoção e qualidade no seu trabalho?

Hugo Bonemer: Eu desejo que o público me veja como um cara legal e acessível. Desejo que meus colegas me vejam como um parceiro, que joga junto e é fácil de lidar. Desejo que a classe me veja como alguém que puxa, com toda a energia, nossa profissão pra cima. Desejo que os aprendizes de teatro me vejam como um aliado, nessa nossa busca que não termina nunca. Desejo que os produtores e patrocinadores me vejam como um bom investimento, mas desejo que, quem estiver na plateia não me veja, de jeito nenhum, que veja só o personagem, e aprenda com ele tanto quanto eu aprendi. Um dos motivos pelo qual eu escolhi essa  profissão, foi pra poder ser invisível.

 

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