Tuca Andrada, atualmente, exerce a função de diretor da peça “Nordestinos”, que relata histórias de nordestinos que moram no Rio de Janeiro e São Paulo, apresentando histórias reais e com elenco formado por atores também nordestinos. Tuca conta um pouco desse desafio na carreira, do preconceito que nordestinos sofrem nas grandes metrópoles e curiosidades sobre a carreira. Vamos conferir a entrevista?

Cjmartim: Como surgiu o convite para dirigir a peça “Nordestinos”?
Tuca Andrada: O Alexandre Lino, idealizador do projeto, me fez o convite e achei a proposta muito instigando. Topei na hora!
Cjmartim: Existe uma música chamada “Protesto do Olodum”, que em determinado trecho diz: “Pro Nordeste o país vira as costas, e lá vou eu”. Acredita que o Brasil sempre virou as costas para os nordestinos, mesmo sabendo que é um povo rico culturalmente e responsáveis por grandes conquistas materiais em grandes capitais?
Tuca Andrada: Não acredito que seja o país inteiro que vire as costas pro Nordeste. Tem muita gente de outras regiões brasileiras que gosta e admira o Nordeste e os nordestinos. Porém, ainda existe sim um grande preconceito em relação aos nordestinos, uma visão de que somos atrasados e ignorantes apesar da enorme contribuição cultural que demos para a formação do Brasil.
Cjmartim: É confortável essa função de diretor, sendo você, também um ator conhecido?
Tuca Andrada: No teatro, se você quer fazer um trabalho sério, nenhuma posição é confortável.
Cjmartim: O preconceito contra nordestinos é velada, mesmo sendo o país rico de artistas nordestinos renomados, como Caetano, Bethânia, Gal e Gilberto Gil?
Tuca Andrada: Não acho que seja velado, basta lembrar o que vimos e ouvimos nas últimas eleições.
Cjmartim: Qual o diferencial desse espetáculo, em relação aos outros com a mesma temática: da luta de nordestinos na cidade?
Tuca Andrada: Não sei dizer mesmo. Tentei fazer um espetáculo alegre, lúdico, leve, para cima e não queria que o ressentimento e o ranço tomassem contra dele.
Cjmartim: Os atores do espetáculo, também são nordestinos. Como funcionou o processo de escolha do elenco e quais ferramentas cada profissional apresenta, para fazer parte da peça?
Tuca Andrada: A escolha do elenco não foi feita por mim, os atores já trabalham com a Cia Cineteatro há algum tempo.O que fiz foi conhece-los e ver o que podia aproveitar de melhor neles para a peça.

Foto: Reprodução
Cjmartim: A profissão de ator, em se tratando de TV, anda mais tranquila, com o leque de emissoras apostando em novelas? O mercado e oportunidades, se amplia com isso?
Tuca Andrada: Sem dúvida que se amplia, há um número crescente de produções feitas para a tevê fechada usando atores, técnicos e temáticas brasileiras.
Cjmartim: Com o acúmulo de personagens, como o ator consegue manter o equilíbrio emocional necessário para não perder sua identidade?
Tuca Andrada: Da mesma maneira que um psiquiatra não fica louco, ou um médico doente, ou que um advogado não vira um marginal.
Cjmartim: Qual novela que participou gostaria que fosse reprisada no Vale a pena ver de Novo? Qual peça de teatro gostaria de rever nos tempos atuais?
Tuca Andrada: Novela gostaria se ver “Era uma vez”, do Walter Negrão e peça “O Vau da Sarapalha”, direção do Luiz Carlos Vasconcelos.