Pedro Bernardi é um jovem tenista disposto a superar seus limites, sem muita cobrança consigo, mas com disciplina e amor ao ofício. Vencedor do “Torneio de La Romana”(2014) e “Torneio de Oldenzaal” (2015), nesta entrevista, ele revela os esteriótipos que cerca o tênis, as vitórias conquistadas e como funciona sua preparação diária.
Entendo que o país, muitas vezes, não valoriza seus atletas como deveria, mas Pedro Bernardi tem algo que não se acomoda nessas limitações externas: garra. E manter a determinação em um jovem é raro, acreditem.

Cj Martim: Disciplina chegou naturalmente na sua vida ou ainda é um exercício diário, ainda mais, quando temos a juventude e aquela sensação de não querer ter limites, típicos da idade?
Pedro Bernardi: Com certeza é um exercício diário, e quanto mais tenho disciplina, mas eu sei o quanto ela é importante na vida, principalmente, de um atleta. É preciso manter o foco nas rotinas diárias e fazer a coisa certa repetidas vezes, para alcançar os meus objetivos. Quanto à juventude e a sensação de não ter limites, eu acho, que é muito positivo essa energia, sobretudo, se for canalizada para o lado bom, para dentro da quadra, ajuda bastante a manter intensidade alta durante as partidas.
Cj Martim: Por que o tênis ainda é considerado um esporte “elitista”?
Pedro Bernardi: De certo modo, o tênis é um esporte caro, principalmente, para quem não tem patrocínio algum e depende da ajuda dos pais para cobrir os gastos de viagens, hotéis e material. Mas algumas barreiras estão sendo quebradas nos últimos tempos , já estão em andamento diversos projetos sociais em todo o Brasil, que dão oportunidades a jovens de realizar o sonho de ser tenista.
Cj Martim: Você possui em seu currículo: o “Torneio de La Romana”, na República Dominicana; em 2014 e o “Torneio de Oldenzaal”, na Holanda; de 2015. Conte um pouco alguns diferenciais, que esses dois torneios possuem e quanto tempo se preparou para cada um deles.
Pedro Bernardi: Por se tratar de competições fora do meu país, foram dois títulos muito especiais para mim. Somente nós tenistas, que viajamos o ano inteiro, que estamos sempre longe de casa e da família, sabemos o quanto é difícil competir em um ambiente que não estamos acostumados. No tênis, normalmente, não temos muito tempo para preparar para um torneio específico, preparamos para uma série de torneios, e esses torneios estavam dentro da programação.
Cj Martim: Você é o primeiro atleta da modalidade do Cruzeiro. Por que a escolha do Cruzeiro Esporte Clube? Quais foram as condições inseridas para firmar essa parceria?
Pedro Bernardi: Na verdade, fizemos uma parceria inovadora, são raras as vezes, que tênis e futebol se misturaram no Brasil, e com essa parceria, pude representar meu time do coração por todos os cantos do mundo. Fiquei muito feliz quando firmamos a parceria e espero estar sempre representando esse grande nome do futebol mundial, à altura que ele merece.

Cj Martim: Qual foi o seu último grito? O que desestabiliza seu emocional?
Pedro Bernardi: Meu último grito acho que foi um “vamos” depois da vitória que consegui hoje de manhã aqui na Argentina (risos). Procuro não me abalar com nada dentro e fora das quadras durante os jogos, preciso sempre manter minha concentração em um nível elevado, para conseguir sair com a vitória dos jogos.
Cj Martim: Atletas são vistos como heróis… heróis também decepcionam. Preparado, emocionalmente, para os altos e baixos da carreira e cobranças constantes?
Pedro Bernardi: Tento ver sempre com bons olhos as cobranças, é sinal de que as pessoas acreditam que eu tenho potencial para conseguir mais. Antes, eu mesmo, me cobrava muito, cobrava resultados e nada era suficiente, o que me gerava bastante pressão e muitas vezes atrapalhava meu desempenho. Hoje me mantenho tranquilo, e sei que dando o meu melhor, as coisas vão sair positivas na hora certa. Os altos e baixos estão presentes na carreira de todos, em todas as áreas da vida, é preciso ter serenidade para tirar o melhor proveito de cada situação, procurando sempre evoluir.
Cj Martim: Conte um pouco dos torneios e sua preparação para esse ano (2016).
Pedro Bernardi: Esse ano, vai ser de muito aprendizado para mim. Estou começando a jogar os torneios maiores, tive a minha primeira experiência em um “ATP” (Brasil Open), em uma partida onde deixamos a vitória escapar por pouco. Estou bastante confiante, treinando sempre que possível com o Bruno Soares e com o Marcelo Melo, que hoje são referências no mundo do tênis, e isso me tem feito muito bem, estou me acostumando com o tênis de maior nível, e espero colher bons frutos.