Leo Dias: “As pessoas se vendem por muito pouco hoje em dia”

Leo Dias é jornalista, tem uma coluna no Jornal O Dia, no Rio de Janeiro, participa do programa ‘Fofocando’, do SBT, além do ‘De Cara’, programa de rádio na FM O Dia

Nesta entrevista exclusiva, ao Cj Martim,  o jornalista esclarece que não existem artistas protegidos na imprensa, a situação do jornalismo atualmente e o comportamento de fãs de artistas nem sempre tão bacana.

Resumir Leo Dias como um simples fofoqueiro é equívoco. Ele é jornalista, trabalha com competência no estilo de jornalismo que escolheu, apura fontes, pede desculpas com um erro e também confirma o que todos duvidavam. Existem diferenças entre fofoca rasa e fofoca com apuração. A primeira só fere, a segunda pode, sim, gerar reflexões.

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Leo Dias. Foto:Reprodução/Instagram.

Cj Martim: Existe uma facilidade em assessores e empresários liberarem artistas em seu programa de rádio “De Cara”, na FM O Dia? Liberam por medo ou seu nome já atingiu um patamar que estrelas não podem recusar convites?

Leo Dias: Ninguém vai ao programa por “medo”, mas para criar um bom relacionamento comigo. Eu alivio a barra de quem já me ajudou. A vida é assim. Aos amigos, tudo. Aos inimigos, a verdade. Não deixo de publicar uma notícia só por que a pessoa foi ao meu programa, mas toda a verdade tem dois (ou três lados) e eu procuro mostrar o lado de quem me ajudou. Simples assim.

Cj Martim: Você parece muito falante, expansivo e com senso de humor. Você apresentando um talk show em uma emissora de canal fechado, seria um sonho?

Leo Dias: Acho que é algo impossível. Eu não me encaixo em padrões. Eu não sou óbvio. No programa de rádio ‘DE CARA’ eu tenho total liberdade de falar o que eu quero, de convidar quem eu quero… Eu tenho certeza de que é a coisa que mais me dá prazer na vida, o meu maior orgulho profissional. O programa é criação minha, de mais ninguém. Fui até a dona da FM O Dia e ofereci. A rádio não tinha programa de entrevista. Eles tinham medo de processo. Assinei um termo de que eu seria responsável por tudo o que falasse ali. Eles decidiram apostar. E acho que deu certo. Mudou a cara da programação da rádio. Trouxe conteúdo. Daqui a 40 anos, eu tenho certeza de que eu direi que este foi o auge da minha carreira: um programa semanal na rádio mais ouvida do Rio em que as mais diversas personalidades iam falar o que queriam, sem censura. Acho que esse programa tem uma sobrevida, mais uns 3 a 5 anos. Depois, vai ficar para a história. 

Cj Martim: Você olha para um famoso e pensa: “Esse não dura muito na mídia”? Alguém que não esperava que fosse se manter por tanto tempo nos holofotes?

Leo Dias: Talvez a Sabrina Sato. Ela não tem um grande talento. Mas ela tem uma luz, uma energia, algo meio que inexplicável…. algo tão positivo. E algo que poucos têm: carisma!

Cj Martim: Você saiu do ‘TV Fama’ As mágoas já se diluíram ou quem trabalha na TV precisa se acostumar com rupturas?

Leo Dias: Saí, mas voltei com outro tipo de contrato. Acho que não sou eu quem está ali no ‘TV Fama’, é apenas um repórter com um pouco mais de conteúdo. Só isso. Poderia fazer mais. Mas é melhor eu parar de falar por aqui.

Cj Martim: Mostrar, muitas vezes, que um artista não é tão simpático como parece, humaniza a imagem dele para o público e interrompe ilusões de fãs?

Leo Dias: Simpatia é relativa. Um dia você está super simpático,no outro,não. Mostrar a realidade sobre qualquer coisa humaniza. Fã, geralmente, é um ser iludido por natureza. Nada do que eu escrever vai convencê-lo do contrário. Ele (fã) precisa passar na pele o desprezo de seu ídolo para, aí então,acreditar em mim.

Cj Martim: O jornalismo empobreceu em textos curtos, sem profundidade, com profissionais medíocres e comuns ou a avalanche das péssimas condições de trabalho que levou a esse caminho?

Leo Dias: Discordo. Jornalismo não “empobreceu”. Ele mudou. Ninguém tem mais tempo para ler um texto enorme. Coluna faz sucesso por isso, texto curto, informações rápidas. O mundo hoje é assim. Aliás, será que alguém ainda está lendo esta entrevista até agora?

Cj Martim: Se algum parente seu virasse famoso, iria ficar desconfortável em ter que noticiar algumas “bombas” dele?

Leo Dias: Iria. E pior: ele iria pedir para divulgá-lo quando ainda fosse anônimo. Isso é muito pior.

Cj Martim: Em que momentos se confunde se o abraço recebido foi por interesse ou verdadeiro?

Leo Dias: Tudo na vida é movido por interesse. Qualquer que seja ele. Eu estou colunista. Eu não sou colunista. Quando eu perder a coluna ou o programa de rádio, você não vai querer me entrevistar mais. Estou errado? A vida é assim. Tenho poucas amizades verdadeiras. E, acredite, as testo diariamente. E olha que eu não tenho dinheiro, hein, só uma coluninha e um prestigiozinho. Nada demais. Mas as pessoas hoje em dia se vendem por muito pouco. Quando eu for velho, perder o meu “valor”, aí sim eu vou saber quem é quem na minha vida.

Cj Martim: Não existe artistas como Ivete Sangalo, Silvio Santos, Rodrigo Faro e outros, que parecem ser”protegidos” por esse jornalismo de celebridade, com matérias positivas e sempre colocando o artista como vítima e não como algoz? Se existe essa proteção, qual critério utilizado?

Leo Dias: Não acredito nesse jornalismo de proteção, há ícones, sim. Neles, é mais difícil mexer. O que eu vou falar do Silvio? Que ele usa peruca? Que ele pinta cabelo? Não interessa! Ivete não precisa mais provar nada como cantora. Mas tem uma vida particular, tranquila, aliás. Mas não diria que ela é protegida. Ela se preserva, isso sim. E está certa. Ivete não quer ser um produto. A música dela é um produto, não a vida dela. Já o Faro usa a vida perfeita de uma família feliz como um produto. Ele, sim, corre mais riscos. Tem que andar na linha. 

Cj Martim: Qual dica para blogs e sites menores, que muitas vezes, assessorias de imprensa têm preconceitos e não liberam seus grandes artistas para entrevistas, mesmo sabendo que carreiras passam por oscilações?

Leo Dias: Conselho? A concorrência é feroz. Busque sempre o exclusivo. Eu chamei atenção porque eu publicava coisas que ninguém tinha e, com o tempo, as pessoas descobriram que era verdade. Lugar de jornalista é na rua. Não na redação. Entrevistas como estas são um complemento. Uma credibilidade do seu trabalho. Jornalismo é furo, é descobrir algo que ninguém tem. Assim você chama atenção. E ter sorte. Reze para Deus te abençoar para estar no lugar certo, na hora certa e publicar algo que dê repercussão. Sem trabalho ninguém chega a lugar algum. Ah, e arrisque. Faça o que ninguém fez. O que é? Só você pode dizer. Se eu souber, eu faço primeiro.

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