Edu Porto interpretou, recentemente, o Abel da novela bíblica ‘A Terra Prometida’, na Record. Nesta entrevista exclusiva, ao Cj Martim, o ator esclarece seus novos projetos profissionais e revela suas impressões com a situação política no país.
É bacana quando o ator ignora a porta que leva a um “mar” de vaidades e excessos e prefere um caminho árduo, conflitante, mas irresistível e libertador como atuar. Edu respeita a arte, respeita os palcos, estúdios de TV e tem um respeito enorme consigo, algo que nem todos têm.

Cj Martim: A carreira de modelo é amiga ou algoz do ego?
Edu Porto: É amigo, todo mundo sempre confundi, nunca tive uma carreira de modelo (risos). Fiz muitos trabalhos na publicidade como “modelo”, por isso. Certeza que é amigo!
Cj Martim: Qual seu método de estudo para um personagem? Quais riscos emocionais e físicos um ator corre em busca de uma naturalidade crível para apresentar ao público?
Edu Porto: Leio mais de 20 vezes a história que ali está contada, depois disso,tenho a base central/conflito entendido e, pela repetição, consigo alcançar além do texto. O além do texto é você emprestar um pouco do seu entendimento de vida para seu personagem. O risco é você se envolver com personagem e começar a responder por ele com questões suas. Isso pra mim é um grande risco. Não digo em palavras, tons, digo internamente!
Cj Martim: Você participou de Malhação. Acredita que a realidade dos jovens atualmente se assemelha com que é retratado no seriado?
Edu Porto: Acredito sim. Sempre abordam temas pertinentes que, de alguma forma, ajudam na reflexão. Usar a dramaturgia como utilidade pública é uma bela escolha de ajudar ao próximo.
Cj Martim: Qual foi seu último grito? O que desestabiliza seu emocional?
Edu Porto: Meu último grito no ano de 2016 foi a montagem do espetáculo “Guerra Doce” no qual assinei: produção, texto e atuação.Um espetáculo que ficou um ano em cartaz por três temporadas no Rio de Janeiro e aborda dois temas de grande preconceito. Dois nódulos difíceis de serem dissolvidos: HIV e Homossexualidade. Esse foi meu último grito no ano 2016 e vai ser o primeiro na temporada de 2017. Aproveitando o tema anterior já respondo a segunda pergunta. A ignorância e o preconceito são duas coisas que me desestabilizam emocionalmente.
Cj Martim: Como surgiu o convite para a novela ‘A Terra Prometida’? Novelas bíblicas não correm o risco de serem ‘esfareladas’ com o tempo? É um estilo de trama que tem gás ainda na teledramaturgia?
Edu Porto: Já havia feito outra novela bíblica no ano de 2012 – ‘José do Egito’ – com o personagem Isaacar e agora fui convidado para interpretar Abel em ‘A Terra Prometida’. As novelas bíblicas relatam as mesmas questões de hoje. É um antigo – contemporâneo – lúdico! Hoje em dia temos várias formas de corrupção, várias formas de assassinatos, poderia enumerar muitas coisas, mas vamos desenvolver no assassinato: Nos dias de hoje as pessoas matam com armas de fogo, armas químicas… naquela época eram espadas, forcas e animais peçonhentos. Acho que esse lado saudoso e lúdico também ajudou muito no sucesso das novelas bíblicas! E acredito que ainda tem muito gás sim!
Cj Martim: Suas ‘quedas’, suas incertezas na vida, deixaram cicatrizes? Como lida com a passagem do tempo?
Edu Porto: As quedas sempre são bem vindas dias depois, porque você consegue enxergar com mais clareza o que te fez cair. Com isso nascem as cicatrizes que viram marcas que sinalizam para outro caminho! A passagem de tempo é algo que não podemos bloquear, então,deixe a cachoeira descer e sinta o peso da vida sim!
Cj Martim: Quais novos projetos para 2017? Qual vai ser seu discurso?
Edu Porto: Estou terminando outro roteiro para o Teatro e dando sequência no meu mais novo projeto de curta metragens. Em cada curta estou abordando uma patologia psicológica. O primeiro, vou lançar em 2017. Chama-se ‘Misantropia (Raiva e desprezo pela raca humana )’. Esse primeiro curta, citado acima, fala de pessoas que têm raiva de seres humanos. Se ele tem raiva da raça humana,como ele lida com si mesmo sendo um humano. É um projeto trabalhoso, mas que me dá um prazer muito grande. São doenças psicológicas que nem imaginava que as pessoas tinham.
Cj Martim: Os brasileiros são ingênuos ainda com a política ou, finalmente, acordaram para gravidade do seu país?
Edu Porto: Acordaram sim! Temos que agradecer as pessoas – autoridades de bem que querem fazer uma faxina no nosso país. Graças a essas pessoas nós conseguimos enxergar um pouco do que estavam fazendo com a gente! Ainda tenho esperança que meus netos tenham um país melhor.