Renata Sander, nadadora profissional, que já foi campeã brasileira, medalhista em Copa do Mundo, com participações importantes em competições internacionais, concedeu uma entrevista exclusiva, ao Cj Martim, para explicar, entre outros assuntos, como o empoderamento feminino é tão importante, hoje (08), que se completa o Dia Internacional da Mulher.
Se o cloro das piscinas não ressecou os sonhos e perseverança de Renata, portanto, não existe perigo que interrompa esse fluxo de luta constante dela. Uma luta que não é solitária, marcada por algumas renuncias, como todo atleta, mas ganha um alívio com o refresco do reconhecimento e o carinho e apoio da disciplina. Um abraço Renata, um abraço de alma, um abraço que não precisa estar perto para emanar boas vibrações, simplesmente um abraço!

Cj Martim: Qual sua avaliação em relação às Olimpíadas 2016? As dores e delícias do evento foram equilibradas?
Renata Sander: Cada atleta tem a sua história e requer muito esforço e dedicação para se chegar a uma Olimpíada, são anos de luta, para alguns minutos de glória. Tenho certeza que se o resultado almejado é conquistado, faz valer muito a pena. Aqueles que não conquistaram o que queriam nos Jogos, com certeza, aprenderam muito também. Não participei do Rio 2016, mas só de acompanhar e assistir eu me emocionei.
Cj Martim: Tanto você, como o Felipe Martins, idealizadores do site Ciência do Atleta, sofrem algum tipo de preconceito em relação aos profissionais antigos envolvidos diretamente com a natação, pois “derrubam” algumas teorias enraizadas durante décadas no esporte?
Renata Sander: Não acho que sofremos preconceito, mas acredito que nenhum profissional experiente goste de ser questionado. Porém nosso objetivo não é polemizar, mas sim trazer novos conceitos e troca de conhecimentos. Se conseguirmos unir experiência com ciência, seremos muito bem sucedidos na área do esporte.
Cj Martim: O que é para você empoderamento feminino? As mulheres sempre foram muito bem tratadas e admiradas no esporte de forma geral?
Renata Sander: Para mim é a inclusão das mulheres em atividades sociais e econômicas para se criar uma sociedade justa de oportunidades. As oportunidades para homens e mulheres no esporte já foram muito desiguais, começando pelos Jogos Olímpicos da Antiguidade, que eram proibidos para mulheres. Além disso, uma cultura tradicional não permitia que as mulheres praticassem atividade física por serem vistas como frágeis ou pela exposição do corpo, além de certas atividades serem consideradas “coisa de menino”. Mas essa mentalidade vem mudando e certamente no esporte, assim como em outras áreas, cada vez mais as mulheres quebram tabus e ganham seu espaço. Hoje vejo uma grande admiração da sociedade pelas atletas.
Cj Martim: Sabemos que cuidar do corpo não é uma garantia completa de felicidade para ninguém. O caos externo é difícil de escapar. Como lida com seu caos externo sendo atleta?
Renata Sander: Nossa felicidade depende de vários fatores e acredito que ter um corpo saudável é um deles. Por ser atleta, meu corpo acaba sendo meu instrumento de trabalho, porém cuidar da mente é tão importante quanto. Tento sempre buscar o equilíbrio e evitar lugares, pessoas e situações que me desviem do meu foco.
Cj Martim: As mulheres têm direito de reclamar do machismo masculino, sendo que o machismo feminino é tão presente? Ou existe uma falta de percepção em compreender esse termo?
Renata Sander: Existem várias interpretações dos termos machismo e feminismo e acho que ainda há preconceito dos dois lados. Acredito que independente de termos, devemos buscar uma igualdade de oportunidades e respeito entre homens e mulheres.
Cj Martim: Qual maior sacrifício que fez com seu corpo e, atualmente, não compensa mais fazer?
Renata Sander: Ser atleta exige muitos sacrifícios, mas não vejo o treinamento como um deles. Para mim, sacrificar meu corpo é não ter ele saudável e não dar as melhores condições para ele conseguir treinar e se recuperar como, por exemplo, uma má alimentação, poucas horas de sono e o uso de cigarros ou drogas. Quando estava na faculdade, tinha treino às seis da manhã mas mesmo assim estudava até mais tarde, o que foi necessário na época, mas hoje já tenho como sagrado cumprir pelo menos oito horas de sono.
* Confira entrevista do ano passado, da Renata Sander e o seu namorado Felipe Martins, preparador físico, no dia dos Namorados!
Valeu Renata, simples, direta, consistentemente. Sem rodeios. Bjs, papai.
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