Bibi Ferreira: ‘Agradeço todos os dias a minha lucidez’

Bibi Ferreira se apresenta nesta sexta-feira, 07, em Salvador, mas antes concedeu uma entrevista exclusiva, ao Cj Martim, revelando muitas curiosidades da carreira e uma visão do que vem acontecendo na atualidade.

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Bibi Ferreira. Foto: Divulgação.

O Brasil tem um orgulho enorme de Bibi, pois o país com todos os problemas que possui, tem um carinho especial com sua filha, cada vez mais jovem e importante nos palcos. Um verdadeiro presente!

Cj Martim: Qual a importância de Frank Sinatra, Edith Piaf para sua carreira? Qual ponto crucial levou você a escolher canções desses artistas no seu repertório?

Bibi Ferreira: Estamos falando de momentos diferentes na minha carreira. Piaf foi em meados dos anos 80, em 83 especificamente, na comemoração de 20 anos da morte dela. No mundo todo foi montado o texto da inglesa Pam Jam. No Brasil fui convidada pelo produtor Pedro Rovai. No espetáculo eu vivia a Piaf, a teatralização da sua vida, com seus conflitos, sua infância pobre, seu começo nas ruas, sua transformação na grande dama da musica francesa. A direção foi do grande Flavio Rangel. Muitos atores. Musica ao vivo. Um dos grandes sucessos dos anos 80 no Brasil, com três grandes turnês nacionais, recorde de publico em muitas cidades. O sucesso foi tanto que fui convidada para fazer em Portugal, no Cassino do Estoril. Com elenco todo português. Pela primeira vez um espetáculo ficou mais de seis meses em cartaz! Devido ao sucesso, após o final do espetáculo criei o show Bibi canta e conta Piaf, mantendo as canções da Piaf nos repertórios dos meus shows.

Já Sinatra foi bem recente, a partir de 2014, 2015, como proposta do meu empresário para trabalharmos o mercado americano. Por isso desde então já me apresentei três vezes em NY e a próxima será em novembro, já com o show novo. Mas por que escolhemos Sinatra, porque sempre foi o meu cantor americano predileto.

Cj Martim: O “4xBIBI” pode ser considerado como um espetáculo que você se ‘despi’ para seu público, revelando histórias de bastidores, curiosidades da sua carreira, em geral?

Bibi Ferreira: Desde o Bibi i Concert I, em 91, quando comemorei 50 anos de carreira, mudei o formato dos meus shows. Dei um tempo das personagens, para criar encontros meus com o público. A exceção foi o espetáculo Às favas com os escrúpulos, de 2006 a 2009, com direção do Jô Soares, uma super comédia do Juca de Oliveira. Então foi o Bibi I, depois o Bibi in Concert II, Bibi vive Amalia, Bibi in Concert III pop, Bibi 70, depois de Pixinguinha a Noel, passando por Gardel, Bibi in Concert IV, depois Bibi, historias e canções, que estamos lançamos o DVD agora, gravado ao vivo com a Sinfônica de Minas no Palácio das Artes. Ainda teve o Bibi Ferreira canta repertório Sinatra e o 4X BIBI, ambos ainda em cartaz. No momento ensaio Bibi por toda a minha vida para estrear em junho. Especialmente o historias e canções, conto muitos momentos da minha vida. 

O diferente deste novo show, o 4X, é que contamos histórias dos bastidores dos espetáculos. Curiosidades que aconteceram. Por que e como as coisas aconteceram. E isso que eu acho muito legal, diferente. Mostrar o que leva um artista a fazer determinado papel, a cantar determinado repertório. Nesse caso, nos meus últimos grandes concertos que homenageei personalidades mundiais da música. 

Cj Martim: O que a aborrece? O que emociona? Quais são os seus desejos Bibi?

Bibi Ferreira: Aborrecer-me mesmo, nada. Agradeço a vida todos os dias e acordo sempre de bom humor. Mas reclamo da burrice, da falta de prática das pessoas às vezes, da falta de parceiros para jogar pôquer ou bridge. Reclamo do tamanho dos aeroportos, da distancias até o centro das cidades, do trânsito difícil que atravessamos em quase todas as cidades que viajamos pais afora. Em relação à política, não diria que me aborrece, mas que me decepcionam muito os homens públicos que temos. Nossos pensadores e construtores de uma sociedade plena deixam a desejar. Preocupa-me pensar que esse time já foi melhor.

Sobre desejos, agradeço todos os dias a minha lucidez. A consciência absoluta e total das coisas, poder escolher o que quero cantar, sempre ter bons músicos me acompanhando, muitas vezes grandes e belas orquestras. Sentir-me querida pelo público, muito considerada pela imprensa, recebo muito carinho por todos os lugares, de todo mundo. E acho importante lembrar que nos últimos quase 40 anos me mantenho apenas nos palcos. Não faço TV ou filmes, embora goste muito de tudo, mas me mantenho nos palcos.

Cj Martim: A arte, no Brasil, empobreceu ou os artistas que prejudicam a arte com excessos de vaidades?

Bibi Ferreira: Veja bem, na sua criação não, mas na sua economia, sim. Empobreceu. E penso que nos últimos anos o setor do entretenimento ao vivo tem atravessado uma séria crise, mas isso não inviabilizou o amadurecimento do mercado de musicais, das comédias musicais no país, com muitos atores, diretores, criadores em geral, preparados para este tipo de espetáculo. Isso tem sido muito bom. Com boas produções sendo levadas ao palco.

Ao mesmo tempo, são inúmeros novos profissionais no mercado e faltam editais, patrocinadores, investimento público. Soube que recentemente uma orquestra inteira foi demitida na cidade de São Paulo. 

Cj Martim: O teatro é uma espécie de mãe e pai de uma atriz? O palco educa?

Bibi Ferreira: Penso que o teatro, o palco, permite que o ator exercite de forma mais plena o oficio de interpretar. Abriu a cortina, é tudo ao vivo, começo, meio e fim. O exercício de manter a personagem e conviver com ela por muito tempo, praticamente com o mesmo texto, as mesmas marcações, mas não com menos vida ou energia. Mas cada forma de interpretar tem suas expertises e seus grandes astros.

No cinema a gravação é feita cena a cena, corte a corte. É uma forma diferente de interpretar que o teatro. Às vezes você grava primeiro o fim e no final o começo (risos).

Na televisão, penso que muitas vezes não se tem tempo muito para pensar. É decorar e gravar. Muito corrido, não é mesmo? A personagem vai sendo construída no decorrer inicial da trama. Adoro o Fagundes, meu predileto. 

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