Jaffar Bambirra: ‘Venho de uma família que passou pelo exílio e lutou pelos seus direitos’

Jaffar Bambirra, o Márcio da novela das sete ‘Pega Pega’, é o novo talento que surge na teledramaturgia. Aceitou uma entrevista exclusiva, ao Cj Martim, que você vai poder conferir.

Um indivíduo conectado com a natureza, música e sensibilidade jamais se tornar um ator aquém do esperado. Jaffar veio para ficar, junto com essa conexão toda que compõem sua arte.

Cj Martim: Defina o Márcio, seu personagem na nova trama das sete.

Jaffar: Eu sempre digo que o Márcio é um sonhador pé no chão. Ele é um artista que sonha como todos, mas que também se preocupa com o agora, com as necessidades que a família passa por conta da falta de dinheiro; nesse lugar, ele tem um embate ideológico com o pai. O Márcio é um romântico, é carinhoso e muito maduro. Acho um personagem completamente apaixonante e estou adorando viver ele. Além de ser um personagem que me aproximou desse mundo do teatro de bonecos, que é mágico e faz parte da cultura do nosso país, apesar de não ter o prestígio merecido; e poder mostrar esse universo para o público é um prazer imenso.

Cj Martim: Fazer novela deve ser algo prazeroso, mas muito desgastante também. Já sente os efeitos da rotina intensa?

Jaffar: É puxado sim, mas muito prazeroso; tá sendo uma experiência incrível. A equipe liderada pelo Luis Henrique Rios criou um ambiente muito gostoso de trabalhar. A vida social que fica um pouco comprometida, mas eu também não sou muito da noite e de festas, então, não me incomoda tanto. E estou muito focado no trabalho, tanto na novela quanto nos meus projetos como músico.

Cj Martim: Não fica assustado em contracenar com atores que têm anos de experiência na profissão, nomes já consagrados pelo público? É inevitável o nervosismo?

Jaffar: Achei que fosse ficar mais, mas tivemos preparação em grupo, com uma equipe excelente, que criou uma unidade no elenco, e que nos deixou completamente à vontade. Mas sim, é inevitável dar aquele friozinho na barriga; tá sendo um aprendizado e uma honra estar com eles.

Cj Martim: O país vive um caos político. Como jovem, se sente cobrado em se posicionar e ir para ruas pelas referências que deve possuir de gerações passadas, que lutaram pela democracia?

Jaffar: Não só como jovem, mas como artista. Acredito que a arte tem a função de mudar, de tocar e de mexer com as pessoas. Venho de uma família que passou pelo exílio e que lutou pelos seus direitos, então não consigo nem posso, simplesmente olhar pra tudo o que está acontecendo e não agir. Não só politicamente, a nossa sociedade está passando por um problema ético (aliás, é do que a novela trata), um problema do ser humano e o jeito que eu escolhi pra tentar transformar é através da arte. 

Cj Martim: A novela ‘Pega Pega’ revela como uma atitude impensada pode, futuramente, causar danos na vida de alguém e entrar no círculo vicioso da mentira. O desespero já levou você, Jaffar, a uma situação muito complicada?

Jaffar: Como um bom capricorniano, sou muito racional, muito difícil agir por impulso. Acho que nunca passei por uma situação dessas.

Cj Martim: A fama é uma serpente silenciosa ou uma ilusão palpável? 

Jaffar: Ainda não chegou o momento pra mim, mas, pelo meio onde eu cresci, que foi entre artistas, o que eu acho e acredito é que a fama é diferente pra cada um. Que é uma ilusão é certo, agora, se é palpável ou não, se é uma serpente ou não, se é silenciosa ou não, depende do quanto você espera e como você encara ela.