Ana Flávia Cavalcanti: ‘Eu tenho alma de operária’

A personagem é Dóris, o seriado é ‘Malhação- Viva A Diferença’, atriz destemida e mais duas últimas informações: a entrevista é exclusiva e a entrevistada é Ana Flávia Cavalcanti.

Conheça quem tem o que dizer, pois algo pode ser absorvido, mesmo em uma entrevista escrita. Conheça ela, nossa Ana Flávia!

CjMartim: Fazer “Malhação Viva A Diferença” é motivo de renovação do seu público? Obter fãs mais jovens, se comunicar com essa galera é algo positivo?

Ana Flávia: Fazer Malhação me aproximou muito do público jovem, sim. Apesar de eu não ser mais jovem, eu me identifico muito com eles, temos uma relação muito franca, de identificação das meninas e meninos negros.Sempre bom ter alguém parecido com a gente na TV representando um personagem formador de opinião, numa posição de liderança. Tenho muitos seguidores jovens e recebo muitas mensagens de carinho. Eles amam à Doris.

CjMartim: Qual desgaste psicológico em decorar falas e mais falas, cenas e mais cenas, diariamente?

Ana Flávia: Eu não me sinto desgastada psicologicamente, não. Me sinto honrada de poder falar sobre temas tão importantes na construção da nossa sociedade e falar para essa moçada, para os pais, para os professores. Eu me sinto renovada depois de um dia de trabalho. Acho que isso tem a ver com o amor à profissão.

CjMartim: Como define a Doris, sua personagem? Quais inquietações dela?

Ana Flávia: Eu amo a Doris, cada dia mais. A Doris é uma mulher parecida com a maioria das mulheres brasileiras, uma mulher que acorda cedo pra trabalhar, que investe seu tempo, energia, pensamentos na melhoria da vida de seus alunos, uma mulher que acredita em valores como a determinação, a honestidade, a disciplina, que insiste para seus alunos seguirem seus sonhos com afinco. Eu vejo a Doris diariamente nas mulheres que eu encontro.

CjMartim: Em algum momento se iludiu com fama? Como não se perder nesse meio?

Ana Flávia: Nunca me iludi com a fama, não. Eu costumo dizer que tenho uma alma de operária, mesmo sendo artista e, às vezes, tem uma atmosfera em torno dos artistas que diz que somos diferentes das outras pessoas, eu não me sinto assim, eu gosto mesmo de acordar cedo (tá bom, não tão cedo assim! risos) e trabalhar.

Eu adoro o fazer, não me preocupo muito com o que vão dizer, porque acredito que, se estou na cena, inteira, firme, pronta pro jogo, se estudei minha personagem, uma boa cena vai acontecer. Estudar sempre é um bom método pra não se perder.

CjMartim: Carrega alguma cicatriz no corpo ou na mente? Quais são suas dores?

Ana Flávia: No corpo eu tenho uma cicatriz de quando cai de bicicleta aos 9 anos, cortei a boca, mas no Pronto Socorro da Santa Casa de Atibaia, tinha um excelente cirurgião plástico no plantão. Meu primeiro bom encontro na vida! Cicatriz na mente, eu não tenho. Minha mente é muito produtiva, não paro de sonhar sonhos que eu concretizo com muito trabalho, dedicação e paciência também, afinal, nem sempre o tempo da vida, das coisas, coincide com nossos desejos, né?

Agora, minhas dores, elas são muito mutáveis, depende da época do mês.Se for na TPM, vou dizer todas as dores do mundo, mas, em períodos “normais”, eu tenho minhas insatisfações, tenho minhas saudades, como todo mundo, mas tenho um comportamento positivo em relação a vida.Gosto de viver,gosto de ver minha mãe feliz,gosto de tomar café com leite de tarde. A simplicidade carrega muita alegria.

CjMartim: Algum medo de ficar com a síndrome do “Se”, pelo fato de ter deixado a enfermagem?

Ana Flávia: Não. Eu não seria uma boa enfermeira. Eu não seria a enfermeira que eu gostaria de ter ao meu lado ou ao lado de algum familiar, sendo assim eu não poderia exercer essa profissão. Não por questões éticas, mas por vocação mesmo.Meu lema é:praticar o ofício que você ama. Que seu coração pulse. Que os dias de trabalho sejam preenchidos de plenitude e respeito.