Por ora, é importante que você saiba que dia 18 de maio estreia ‘Capitães da Areia- O Musical’, claro, baseado no livro do saudoso escritor Jorge Amado. O jovem ator Rafael Gualandi, em entrevista exclusiva, e fazendo parte do musical, conta os detalhes do espetáculo e olha só! Sabia que ele quase entrava no elenco da novela ‘O Outro Lado do Paraíso’, que termina esta semana? Confira.

CjMartim: Quando a arte entristece um ator?
Rafael: Quando vemos teatros fechando, quando vemos teatros vazios, quando vemos falta de profissionalismo nas pessoas do meio. Quando vemos pessoas querendo se aproveitar do poder concedido. Quando vemos um governo querendo desregulamentar nossa profissão. Quando vemos a falta de incentivo à cultura, tanto do governo, quanto de empresas privadas.
CjMartim: Conta um pouco do teste para trama ‘O Outro Lado Do Paraíso’ e de outros tantos na área de teledramaturgia.
Rafael: Minha primeira participação em teledramaturgia foi na novela Belaventura, foi algo que aproveitei desde o momento em que sai de casa até o momento que voltei pra casa. O convite para fazer foi através de um produtor que me manda para alguns trabalhos, e eu fiquei extasiado. Depois gravei uma participação em O Outro Lado do Paraíso, que era um dos garotos de programas no início da novela, sendo que a cena acabou pendurada e não foi ao ar.
CjMartim: Capitães da Areia é um dos livros mais curtos do falecido escritor Jorge Amado. Quais os pontos altos e baixos da obra, na sua opinião, e se conhece outras obras do escritor.
Rafael: Saber que essas crianças fazem certas coisas porque não tiveram uma educação que as ensinassem, pra mim, é o ponto baixo da vida e de todo livro. E o ponto mais alto do livro pra mim, é que com a chegada de Dora, eles começam a ver que tem amor no coração. Acho que não tem como não conhecer obras de Jorge Amado, até porque são obras incríveis, em que a televisão já retratou algumas delas, como Gabriela, Dona Flor e seus Dois Maridos, Tieta do Agreste… Porém, são obras de um outro momento de Jorge Amado, Capitães era uma época mais revolucionária, de críticas explícitas. Já essas outras que mencionei, são obras românticas em que ele leva pra um outro lado.
CjMartim: O Musical ‘Capitães da Areia’ tem a pretensão de inquietar o público fazendo um paralelo com o momento atual do país ou apresentar um novo conceito da obra?
Rafael: Ambos. À vontade era fazer de Capitães um musical, trazendo esse novo conceito. E também trazer essa crítica que Jorge Amado fez em 1937, já que se adequá absolutamente ao momento que vivemos.
CjMartim: Qual sua opinião sobre a não obrigatoriedade do DRT para atores ? Essa mobilização de artistas que colocaram o ego no bolso é um avanço?
Rafael: Tirar a não obrigatoriedade do DRT, na minha opinião, tira ainda mais o profissionalismo do ator que já não é reconhecido. E, como em toda profissão, devemos ter os nossos direitos. Então, essa mobilização é muito válida e temos que lutar sempre!
CjMartim: Você deve receber muitos elogios pela sua beleza. Quando ser bonito puxa a profissão para o último lugar da fila e quando ela coloca em primeiro?
Rafael: Na verdade, a maior importância é a qualidade profissional, e isso deveria vir sempre em primeiro lugar. Mas por trabalharmos com a nossa imagem, em alguns casos, ela se torna prioridade.