Verena é a sua personagem atual no seriado ‘Malhação: Vidas Brasileiras’, logo estou me referindo a atriz Joana Borges, nossa última entrevistada de 2018. Assuntos? Amizade, trabalho e mulheres! Leia.
Cjmartim: Ser atriz foi uma escolha ou algo natural, desprovido de qualquer sonho e foco?
Joana: Eu comecei a atuar ainda criança, em Vitória. Falava em ser atriz, mas não imaginava que essa pudesse vir a se tornar realmente a minha profissão. Decidi pela carreira profissional em São Paulo, no terceiro período de jornalismo (me formei em 2016). Eu fazia parte de um grupo de teatro que se encontrava nos finais de semana e durante os ensaios da nossa segunda peça juntos, eu tive esse “click”. Foi aí que eu comecei a me dedicar pra valer à artes cênicas, e não mais como um hobby.
Cjmartim: Quais dores e delícias de interpretar a Verena em ‘Malhação Vidas Brasileiras’?
Joana: É uma honra muito grande poder dar vida a esse papel. Fazer uma adolescente, mesmo já tendo vivido essa fase, é um desafio para mim. Tenho todo cuidado para não infantilizar, mas ao mesmo tempo, não posso encarar as questões dela pensando com a cabeça da Joana. A cada cena dela, procuro me deslocar da minha mentalidade e experiências para poder vivenciar uma adolescente ali, um tanto ingênua, doce e inocente. A Verena, além de dar visibilidade a um esporte extremamente lindo e complexo que é a ginástica rítmica, tem uma função social muito grande, que é o que mais me motiva. A história dela não foi escrita à toa. Ela levanta questões extremamente delicadas e recorrentes no Brasil e que atingem diariamente milhares de mulheres. Assédio, cultura do estupro, machismo, feminismo são temas de imensa importância e que merecem ser tratados com muita responsabilidade.
Cjmartim: Existe um movimento de mulheres em desconstruir certos padrões de estéticas na sociedade, como publicar fotos sem filtro, mostrando celulites e estrias. Acredita que as mulheres que participam desse movimento são cem por cento seguras de si?
Joana: Acho difícil. Fomos condicionadas a seguir padrões estéticos desde que o médico falou “menina” e nossa mãe colocou um lacinho rosa na nossa cabeça; nos deu uma Barbie no aniversário e nos matriculou no Ballet. Hoje, com o advento do feminismo e discussões de gênero, as mulheres têm se esforçado para desconstruir certos padrões de beleza, e daquilo que seria aceitável ou bonito socialmente. Mas, ainda é um longo caminho pela frente. Acredito que a próxima geração vai estar bem mais livre em relação a isso.
Cjmartim: ‘Rock Story’, ‘Deus Salve o Rei’ e agora ‘Malhação’. O que acredita que vem chamando a atenção do seu trabalho aos olhos de produtores e diretores que escolhem você? Qual seu perfil de atriz?
Joana: Eu sou muito dedicada no que eu faço, e acho que isso chama atenção. Quando me proponho a fazer algo, dou sempre o melhor que posso. Não sei fazer nada pela metade.
Cjmartim: A medida que a fama é “injetada” em uma atriz, fica mais difícil manter antigos contatos de amizade? O meio artístico acaba afastando os artistas de pessoas “comuns”?
Joana: Acho que não tem a ver com isso. Acredito que seja normal ficar um pouco mais distante devido à demanda de trabalho e um pouco pela falta de rotina. Trabalho no sábado e na maioria dos feriados e as folgas, quando vêm, são no meio da semana. O tradicional final de semana perde um pouco seu significado original quando se está em uma novela e fica mais difícil encontrar as pessoas. Felizmente, ainda sou muito próxima de vários amigos, tanto de Vitória (onde nasci), quanto de São Paulo (cidade que morei dos 18 aos 21 e onde me formei).
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